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sábado, 6 de fevereiro de 2010

DESPRESTIGIANTE PARA CARLOS QUEIRÓS E PARA O FUTEBOL PORTUGUÊS



Recebi um telefonema de um grande amigo para me informar que Carlos Queiroz tinha tido uma altercação com Jorge Baptista e que esta terá mesmo chegado ao contacto físico. Os intervenientes apresentaram versões divergentes dos factos.

Uma coisa é certa. Estamos perante mais um triste episódio que envolve um importante nome do futebol português.

Tenho grande respeito pelo professor Carlos Queirós e reconheço o seu prestígio. É em consequência disso que o envolvimento do treinador da selecção de futebol de Portugal com Jorge Baptista me deixou desiludido com o primeiro.

Esta ocorrência fez-me recordar a investigação de Pierre Bourdieu na Cabília, publicada na obra intitulada Esboço de uma Teoria da Prática. As pessoas desta comunidade, perante ofensas e desafios proferidos, apenas respondiam caso estes fossem provenientes de pessoas com o mesmo «estatuto social». Se assim não fosse, perderiam a honra sempre que respondiam ou desafiavam os que eram tidos como sendo pertencentes a uma «categoria» ou «estatuto social» diferente.

O professor Carlos Queirós foi bi-campeão do mundo de júniores com Portugal. Treinou também outras selecções e ainda Real Madrid e Manchester United, dois dos principais clubes do mundo. Deu já muito do seu trabalho ao futebol, e sobretudo ao futebol português. Contrariando muitos maldizentes, conseguiu o apuramento de Portugal para o Mundial que será disputado na África do Sul.

Por outro lado, quem é Jorge Baptista? O que produz para o futebol português? Treina alguma equipa? O que faz como delegado ou colaborador da UEFA? Que valor acrescentado suscitam os seus comentários? Qual a diferença dos mesmos em relação aos outros comentadores ou até à generalidade de muitos portugueses que vêm futebol regularmente e há muitos mais anos do que ele?

É por esta razão que entendo que o conflito noticiado hoje desprestigia apenas Carlos Queirós. Talvez o seu silêncio - silêncio de distância, de superioridade, de indiferença, de ignorar o outro - tivesse sido a reacção que não promoveria a outra parte.

Ressalvo que esta minha opinião confina-se apenas ao posicionamento no futebol português e é estritamente neste plano que analiso o conflito. Conheço muito bem, porque os ouvi, o teor crítico dos comentários de Jorge Baptista ao trabalho de Carlos Queirós como treinador da selecção nacional. E sei ainda quem foi o comentador que afirmou que não achava Vitor Baía um grande guarda-redes, sendo antes um produto do marketing. Mesmo sendo o jogador com mais títulos em todo o mundo... Mas isso não conta, pelo menos para um comentador.

Objectivamente, tratou-se de um conflito entre dois homens. E neste plano são formalmente iguais e merecem o mesmo respeito. Mas convém que se respeitem. Sobretudo a vida privada. Seria prudente que as pessoas falassem apenas quando estão lúcidas.

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