ENTRE CAMPOS... UM OLHAR... UM CAMINHO

terça-feira, 28 de junho de 2011

Parabéns Jony



João Luís Dias. Bolsa de Mérito da U.F.P.


O meu amigo João Luís Dias informou-me hoje que a Universidade Fernando Pessoa decidiu atribuir-lhe uma bolsa de mérito, premiando-o assim como o melhor aluno da licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais.

Dou-te os meus sincereos parabéns Jony.

Para além da alegria que me deu, tal distinção merece da minha parte mais algumas considerações. 

Verifico, com muita satisfação, que a minha universidade continua atenta e a reconhecer o mérito dos seus alunos e profissionais. Assim o fez no ano transacto relativamente à conclusão do meu doutoramento. Assim o fez também em 1997 relativamente à minha licenciatura. E não tinha que o fazer. Tal deve ser, por isso, reconhecido e elogiado.

Relativamente ao Jony - o premiado que aqui felicito - gostaria de dizer que o conheci quando ele era um elemento operacional da claque Super Dragões, colaborando activamente para que este grupo apresentasse nos estádios um bom desempenho, por exemplo ao nível das coreografias. Marcava presença em todos os jogos, sendo, pois, um exemplo daquilo que pode ser considerado um Ultra.

A bolsa de mérito que agora recebe demonstra que as claques dos clubes de futebol integram membros muito capazes e com grande sucesso nas mais variadas actividades que exercem. Há, pois, naqueles que as compõem, jovens com mérito e que de forma alguma podem ser considerados criminosos ou vândalos, sendo, em função de tal classificação, tratados como inaptos para uma aceitação social plena, apenas porque optam por integrar uma claque para apoiar de forma mais activa os clubes de que gostam.
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Mas sobre este e outros aspectos relacionados com claques de futebol falarei na próxima sexta-feira no bar da Quinta do Passal, na rua de Paredes n.º 150, em Codessos, Paços de Ferreira.

domingo, 26 de junho de 2011

É na económica estúpido...



Estava eu aqui, serenamente, com a caixa das novas mensagens aberta para tentar escrever umas palavras de reconhecimemento para com o que o Sr. Tomislav Ivic fez pelo Futebol Clube do Porto e fui confrontado com uma discussão no programa Eixo do Mal, da Sic Notícias, a propósito da tão propalada viagem de avião do Sr. Primeiro Ministro português em classe económica.

Depois de tal opção ter sido notícia já com dias, sem mais qualquer informação, sabe-se agora - mas só agora - que as viagens oficiais dos membros do governo são gratuitas. 

Foi posteriormente o Jornal de Negócios e depois também o jornal Público que noticiaram tal informação. Assim sendo, tal virtuoso exemplo do Sr. Primeiro Ministro apenas consubstancia uma poupança ao erário público se a lotação da classe executiva esgotar e a libertação do lugar permitir a venda de mais um bilhete para a mesma.

Sem prejuízo do seu teor demagógico, compreende-se que esta decisão, aos olhos de muitos, se apresente como um signo de poupança e contenção digno de registo. Todavia, é mais forma do que substância, mais significante do que significado o que se procurou veicular.

Ao invés, o significado é outro. Mais uma vez, e porque apenas se disse que a viagem seria em classe económica e nada se comunicou sobre a gratuitidade da mesma, não sendo esta desmentida por uma TAP que se refugiou num silêncio privatizado, é para mim claro que estamos, no mais puro estilo de Goffman, no plano da administração de impressões a causar perante um povo sedento de ver nos governantes o (ilusório) exemplo legitimador moral do pedido de mais sacrifícios.

Mas se dúvidas houver sobre esta minha interpretação, convém saber, e a fazer fé no que foi publicado pelo jornal Expresso, que o gabinete do Sr. Primeiro Ministro informou que em viagens de longo curso [e portanto mais caras; presumo eu] «é natural que vá em executiva.»

O Marketing e os sound bytes do costume. Nada há de novo debaixo do céu.


terça-feira, 21 de junho de 2011

villas-boas OU O ANIQUILAMENTO DE CARÁCTER

«Estou na minha cadeira de sonho e não abdico dela por nada.»
andré villas-boas dixit


O sociólogo norte-americano Richard Sennet escreveu uma importante obra que se intitula A Corrosão de Carácter. Esta é, em síntese, entendida pelo autor como uma consequência de um capitalismo global que precariza o emprego e, por conseguinte, pressiona as pessoas a abdicarem de alguns princípios éticos e do seu carácter com o intuito de manter, a todo o custo, a sua fonte de sobrevivência.

Se tal corrosão de carácter poderá até ser compreensível em função da necessidade de garantir as dignas condições de vida a uma família, a mesma é, todavia, completamente intolerável quando as mesmas estão largamente asseguradas por um salário de fazer inveja a qualquer trabalhador português.

A saída de andré villas-boas para o Chelsea F.C., agora oficial, configura, a meu ver, um exemplo redondo, não apenas de corrosão, mas de total aniquilamento de carácter.

Bem sei que o rapazinho é um treinador profissional e tem, portanto, todos os direitos - mas também os deveres - que decorrem de tal profissão. É, pois, legítima a sua ambição de auferir um melhor vencimento, mesmo que para tal tenha que recorrer a uma cláusula de rescisão.  No entanto, continuo a entender que quem tem no contrato uma cláusula de rescisão pretende sempre garantir a possibilidade de não cumprir com aquilo a que, livremente, se comprometeu durante um período de tempo determinado.

No presente caso, se alguém houve que definiu e delineou outros contornos que não apenas laborais e profissionais para a relação estabelecida com o Futebol Clube do Porto foi o próprio andré villas-boas.

Basta recorrer ao que o miúdo propalou com grandiloquência para demonstrar que foi ele quem exaltou a sua relação afectiva com o FUTEBOL CLUBE DO PORTO, assumindo e sublinhando, inequivocamente, a sua condição de adepto e sócio do FUTEBOL CLUBE DO PORTO, por sinal com um número mais baixo do que o meu.

Deixo, pois, algumas das suas palavras, escolhidas e enumeradas por Bernardino Barros:

- "Cresci adepto do FCPorto e vivi o clube das mais variadas formas"

- "O FCPorto está presente em mim desde muito cedo, desde que tenho memória"

- "Já fui membro dos super dragões"

- "Estou na minha cadeira de sonho e não abdico dela por nada"

- "O meu futuro está completamente ligado ao FC Porto"

- "Se ficar 15 anos no clube que adoro, por mim está bem"


Ninguém obrigou o andrezinho a dizer isto. Se o disse, foi porque quis. E disse que não abdicava. POR NADA. E o futuro estava ligado ao clube.

Se é verdade que as palavras são levadas pelo vento; não é, porém, menos verdade, que as mesmas têm uma dimensão pragmática e geram consequências.  E estas palavras assumiam claramente um carácter de promessa, tendo gerado expectativas e impressões. E muitos portistas confiaram nelas. Deveriam, portanto, ser penhor de honra. E não foram.

Foi também com base nelas que Pinto da Costa afirmou a certeza da permanência do miudo, afirmando que ele não queria sair.

Sabemos, hoje, que eram, como escreveu Pedro Tamen, «palavras sem sentido».

Bem sei que a palavra falece,  muitas vezes, perante o dinheiro. Mas isso só acontece, como mencionou ontem Ribeiro Cristovão na SIC Notícias, quando falta coluna vertebral e sobra garoto.

Mourinho, que nunca se afirmou adepto do FUTEBOL CLUBE DO PORTO e ao qual nunca fez juras de amor eterno, saiu atempadamente e deu tempo para o clube preparar a nova época. Ao invés, aquele que procurou evocar o carácter como elemento distintivo de Mourinho, saiu depois de dizer o que disse, escolhendo para tal um momento que coloca dificuldades ao clube. Demonstrou, pelo que disse e fez, pelo tempo e pelo modo, o seu carácter ... ou a ausência dele.

De Mourinho, sabemos que lê a Bíblia. O rapazinho parece que não. Se a lesse, certamente que se reveria nas palavras do Rei Salomão quando este afirmou: «o que amar o dinheiro nunca de fartará de dinheiro e quem amar a abundância, nunca de fartará da renda. Isto é vaidade.» Nós, adeptos do FUTEBOL CLUBE DO PORTO, também a deveríamos ler. Pelo menos saberíamos que «maldito é o homem que confia no homem.»

Mesmo depois de ter dito que não abdicava da cadeira de sonho POR NADA, saiu respaldando-se numa relação meramente contratual.

Assim sendo, não agradeço NADA a villas-boas. Se a base de relacionamento é contratual e profissional, então o miúdo fez apenas o que estava obrigado a fazer, pois foi principescamente pago para trabalhar e atingir os objectivos do clube. NADA há, portanto, para agradecer.

Por fim, e isto é que é o mais importante, com A, B ou C, vamos continuar a cumprir o nosso destino:


VENCER


E votos de longa vida aos inimigos do FUTEBOL CLUBE DO PORTO que estão contentes com a saída do miúdo. Longa vida para que assim possam continuar a assistir às nossas vitórias futuras.