ENTRE CAMPOS... UM OLHAR... UM CAMINHO

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

OLHA PARA TI Ó PORTUGAL E NÃO TE DEIXES ASSIM VESTIR

Muito se disse acerca do Orçamento do Estado Português para o ano de 2010. Procurei ler e ouvir o que muitos comentadores afirmaram, não sem algumas dificuldades, uma vez que alguns denotam dificuldade em adoptar outros termos que vão para além dos conceitos financeiros difíceis de compreender. Felizmente, outros - destaco Camilo Lourenço - são capazes de explicar o orçamento de forma a que a generalidade dos portugueses compreenda o que está em causa neste momento para as finanças e para a economia de Portugal.

Na verdade, a economia, para além dos números e dos conceitos, pressupõe, como Ciência Social que é e tal como demonstrou Pierre Bourdieu, um largo conjunto de estruturas e práticas sociais. Assim sendo, certamente que o orçamento elaborado é produto de uma certa configuração social e condicionará também a realidade quoridiana vivida pelos portugueses no ano de 2010.

As várias opiniões emitidas acerca deste documento evidenciam um denominador comum: a situação do país justifica grande preocupação. Confesso que vi com satisfação o diálogo e posterior acordo que permitiu a aprovação deste documento. Hoje, tal ilusão desvaneceu-se.

Nada conheço da Lei das Finanças Regionais que é agora factor de discórdia e nunca li uma linha de um orçamento do Estado Português. Mas estou convicto que para além das questões substanciais, há um princípio fundamental que nunca deverá ser esquecido. Acredito na democracia e na importante função dos partido, ainda que esta não se esgote nos mesmos. Aceito e é salutar que os partidos tenham diferentes ideias e políticas diferentes para o pais. Mas a partidocracia instalada é insuportável. Quando os partidos deixam de ser núcleos de ideias e propostas para melhorar o país e passam a ser um fim em si mesmo, constituindo-se como clubes que pretendem chegar ao poder para satisfação de ambições pessoais de carreira, poder, influência e mediatismo de muitos dos seus militantes, estamos perto do grau zero da política e por isso é que esta, não obstante a sua nobreza, caiu no descrédito dos portugueses. Para os governos e partidos que o apoiam, tudo se faz bem. Para os partidos da oposição, tudo que o governo faz é mau. Outros falam e propõem medidas com a irresponsabilidade de quem não as tem que pagar. Como disse Bagão Félix, tem verbo mas não têm verba.

Os problemas continuam aí para serem resolvidos e alguns deles agravam-se de dia para dia. É preciso que os partidos e os que neles estão integrados sirvam Portugal e não se sirvam dele. O país não é dos partidos e dos políticos, mas sim um bem que os portugueses deixaram a cargo destes. O presente «grita» por um novo contrato socio-político em que todos estejam dispostos a abdicar de suas posições extremas a favor de um consenso para o desenvolvimento do pais. E, por favor, entreguem a governação a pessoas pragmáticas, e desvinculadas dos grupos de interesses e pressão e capaz de resistir a estes, consensualmente reconhecidas como competentes e que subordinem tudo ao primado do superior interesse de Portugal. Os portugueses agradecem.

P.S. O título deste post advém de uma música de Sergio Godinho.

1 comentário:

Anónimo disse...

Seria bom que estas hesitações governativas significassem isso mesmo. Os nossos governadores sabem que estão no poder para servir Portugal e os Português.Mas Infelizmente, nada nos leva a acreditar que assim seja...Os nossos governadores ganham mares de dinheiro: mas não tem ideias suficientes para fazer chegar Portugal a um porto seguro. E na minha opinião, seria bom começar e muito rápido! Para não nos fazerem beber à água ainda mais turva do que ela já esta. Os portugueses agradecem.

Helena.