ENTRE CAMPOS... UM OLHAR... UM CAMINHO

terça-feira, 15 de junho de 2010

A VERDADE DA SELECÇÃO PORTUGUESA


Está feito o primeiro jogo de Portugal no campeonato do mundo da África do Sul e a «verdade do relvado» imperou. Como eu esperava.

E assim esvaziou-se em muitos o balão de uma euforia que, a meu ver, não decorre de nenhum dado muito consistente e com alguma objectividade que a possa suportar. Todos sabemos que a selecção portuguesa é composta por jogadores de nível mundial. Alguns deles competem mesmo nos melhores campeonatos do mundo. Porém, se é certo que nos jogos de preparação a selecção portuguesa relevou alguma evolução, também não parece ser menos verdade que não se tornou patente um colectivo suficientemente coordenado para nos dar a garantia de um bom desempenho da equipa portuguesa enquanto tal. E jogadores de grande nível também os tem a Costa do Marfim. Todos eles jogam em países estrangeiros e alguns deles nos grandes clubes europeus.

Tal euforia existe porque se criou um folclore em torno da selecção portuguesa que tem sido promovido até à náusea pelas televisões, com entrevistas a muitas pessoas. Muitas limitam-se apenas a ditar a ilusória sentença da vitória de Portugal, alvitrando, logo de seguida, os mais variados e inúteis palpites quanto ao resultado do jogo e aos marcadores dos golos.

Por mim, continuo a perfilhar a posição que todos atribuem a João Pinto (ex-capitão do Futebol Clube do Porto), mas que anteriormente tinha já sido enunciada por Churchill, e que todos conhecem; ou seja; prognósticos só no fim do jogo.

Com todo este folclore, para além das televisões conseguirem as desejadas audiências que visam captar a tão necessária publicidade, insuficiente para manter tantos canais, enche-se o balão da euforia, apenas porque sim, ou então porque esta alimenta e exalta um estado de alma de que os portugueses tanto necessitam nestes tempos cinzentos.

O jogo trouxe-nos a verdade. A Costa do Marfim, afinal, não era a equipa fraca que muitos esperavam; mas que aqueles que vêm futebol com regularidade sabiam não ser. A qualidade dos jogadores marfinenses foi potenciada com a construção de uma equipa por parte do seu competente treinador Erikson. E foi como equipa que a Costa do Marfim se opôs ao futebol português. Com as linhas bem juntas e «encurtando» o campo, desapareceu o espaço para a técnica e criatividade dos jogadores portugueses. Para além disso, sobre Deco e Ronaldo houve uma vigilância apertada sempre que os mesmos recebiam a bola, o que criou ainda mais dificuldades ao jogo português. Portugal não teve engenho, arte e criatividade (a falta de Nani) para ultrapassar as dificuldades criadas pela equipa adversária.

Outra verdade reside no facto de a equipa portuguesa, por sua vez, não ter também conferido grandes veleidades ao ataque da equipa adversária. O baixíssimo número de remates à baliza, bem como a percentagem de posse de bola equitativamente repartida em 50%/50%, demonstram claramente que assistimos a um jogo de soma nula, que neste caso concreto assume mesmo um sentido literal, denotativo. Assim sendo, foi feliz o título do jornal francês L'Equipe. Para este, o medo de perder não deixou ganhar.

Não vou pelo discurso dos milhares de treinadores de bancada que acertam sempre na táctica à segunda-feira. São os treinadores das equipas que conhecem melhor os jogadores e o seu estado de forma. São eles que, na verdade, sabem mais de futebol - por conhecimento efectivo e por prática prfissional - e discutem-no a um nível muito superior a todos nós, inclusive comentadores.

Já ouvi muitas opiniões, até sobre a necessidade de Portugal ter arriscado mais para ganhar o jogo. Compreendo, mas talvez agora estivesse aqui a lamentar uma derrota. O que é facto é que, na segunda parte, o jogo ganhou uma nova dinâmica e uma velocidade crescente. Curiosamente, foi nesta fase que Portugal correu mais riscos e que a Costa do Marfim chegou com mais perigo à baliza de Eduardo. Cheguei mesmo a temer que o jogo ficasse «partido» e então a rapidez e a força da equipa africana poderia ter sido letal.

Sei que fica um sabor amargo a «ferro». O remate de Cristiano Ronaldo poderia mudar tudo. Mas a verdade é que um remate ao poste, como diria o Mestre Pedroto, é um mau remate. Em caso algum pode entrar na baliza, mesmo que esta não tenha guarda-redes, porque não leva a direcção certa. É o menos mau de todos os remates falhados.

Não ganhamos. Mas contra aquela que será talvez a equipa que concorrerá com Portugal por um dos lugares do apuramento, perder seria o fim. E o calendário de jogos até nos poderá favorecer. Mas isso veremos...

Da mesma forma que não entrei em euforias delirantes, não entro agora na letargia depressiva da esperança perdida, quando tudo é ainda possível e os sonhos que o futebol nos proporciona ainda permanecem. Por isso nos apaixonamos por ele.

1 comentário:

Anónimo disse...

Terminou o sonho tuga...

Afinal,é verdade que os sonhos duram pouco tempo.


Inté breve.