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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sob a Alçada da Isabel


O jornal Destak, na sua edição de 20 de Janeiro, cita declarações da Srª Ministra da Educação. A fazer fé neste diário gratuito, Isabel Alçada afirmou-se «surpreendida» por se «colocar crianças na rua para reivindicar», competindo tal tarefa à gestão dos colégios.

Não deve haver, por princípio, qualquer tipo de instrumentalização das criancinhas. Todos estão de acordo. No entanto, as manifestações observadas correspondem, de facto, a uma situação real que resulta das medidas aplicadas por Isabel Alçada. Assim sendo, surpreendente é ela ter ficado surpreendida em ver crianças na manifestação.

Na verdade, ainda hoje foi noticiado o fecho, já na próxima semana, de dezenas de escolas que vendo cortadas as verbas do Estado, estão já impossibilitadas de continuar as suas actividades lectivas. Consequentemente, serão as crianças que terão perturbado o seu percurso escolar, não só neste ano lectivo, mas também nos vindouros. Assim sendo, não serão, pois, reais os motivos para os seus protestos? Não estão elas prejudicadas com as medidas? Não terão o direito ao protesto só por serem jovens?

Eticamente deplorável é insinuar uma suposta manipulação das crianças pela colocação das mesmas numa manifestações - como se estas não tivessem já alguma consciência do que está em causa - tentando assim, com tal evocação, iludir aquilo que verdadeiramente é substantivo; ou seja; o corte das verbas às escolas com contrato de associação, com a inevitável morte de muitas delas.

Provavelmente entenderá a Srª Ministra que os meninos e meninas deveriam estar sob a sua alçada, escondidinhos, «varrendo-se» assim, para «debaixo do tapete», as consequências das medidas pelas quais é responsável?

Lamento muito que não se lembrem de quão vil é a manipulação das criancinhas quando estão ordeiramente sentadas no seu lugar (como se isso fosse verdade no quotidiano de escolas com uma indisciplina crescente) para assistirem às aberturas dos anos lectivos, apresentações de inovações - vulgo Magalhães - e outras iniciativas de propaganda política para os sound bytes da comunicação social.


E assim se faz Portugal...


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