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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

DISCURSOS... APENAS


Ouvi atentamente a mensagem de Natal do Sr. Primeiro-Ministro e a mensagem de Ano Novo do Sr. Presidente da República.

Como não encontrei nas mesmas nada de novo que possa ser entendido como significativo, estou cada vez mais convencido que as mesmas são, na actualidade, um mero ritual que se repete ano após ano e que vale sobretudo como formalidade significante, mas já com muito pouco significado para os portugueses.

Na verdade, estas mensagens são um bom exemplo do que Foucault escreveu na sua obra intitulada A ordem do discurso. São discursos que sempre foram ditos, são ditos e continuarão a ser ditos, pois resultam de uma ordem discursiva institucional e consequentemente cerimonial.

Assim sendo, tais mensagens são sobretudo valorizadas na arena da luta dos partidos políticos, com os prosélitos dos mesmos, como sempre, a exaltarem as virtudes da mensagem quando a homilia é da sua capela e a encontrarem falhas e omissões quando a voz que ecoa é do demo da capela ao lado. Mas ambas perseguem os mesmos interesses de conversão ao voto para que, com a legitimação deste, se defendam melhor objectivos carreiristas.

Acredito (pouco) na pragmática dos discursos. Mas admito até que a sua enunciação possa de alguma forma induzir ou alterar práticas. No entanto, se nada for feito na condições objectivas de vida das pessoas, de pouco servem os discursos bonitos dos políticos. Eles são, como afirmou José Manuel Coelho, similares às palavrinhas caridosas das Miss Mundo. Todos estamos de acordo com eles, apesar de não resolverem nenhum problema concreto.

Neste tempo de videocracia, em que a democracia se joga também em palavras televisivas que são mais um elemento da confrangedora luta entre partidos, o povo português espera... espera... espera... pela resolução concreta dos seus problemas.
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Era também conveniente que cada um de nós fizesse também qualquer coisinha melhor no seu dia-a-dia para melhorar isto. Não acham?


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