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sábado, 6 de março de 2010

NÃO TEMOS CULTURA DE ADEPTO DE FUTEBOL


O jogo entre as selecções nacionais de Portugal e da China foi mais uma tristíssima demonstração da falta de um cultura de adepto de futebol em Portugal. Considero inaceitável que uma selecção nacional portuguesa, a jogar no seu próprio país, possa ser apupada; ou pior; mesmo brindada com a entoação de olés por parte de um público que, supostamente, a deveria apoiar em todas as circunstâncias.

Nunca gostei dos olés. Nem sequer nas touradas e muito menos nos estádios de futebol. Entendo que os mesmos são indignos e desrespeitam o esforço dos jogadores de uma equipa, seja ela qual for, sem a qual não seria possível realizar o jogo a que as pessoas assistem. Por maioria de razão, tal comportamento é completamente inadmissível quando visa a equipa que pretendíamos apoiar inicialmente.

Muitos dos portugueses que se deslocam aos estádios de futebol para verem os jogos permanecem nos mesmos numa dualidade não resolvida. Se apenas pretendem assistir a um bom espectáculo de futebol, sejam coerentes no comportamento e aplaudam ambas as equipas e seus jogadores sempre que o desempenho destes é merecedor.

Porém, a condição de adepto pressupõe um comportamento tendente a apoiar uma equipa. Não creio que apupar o desempenho da equipa da nossa predilecção possa constituir um grande apoio à mesma. Muito menos a humilhação dos seus jogadores através de olés.

É muito fácil exultar e apoiar quando a equipa com a qual nos identificamos está a ganhar. Mas é quando esta está a perder que mais necessita do apoio dos seus adeptos. É quando a vida nos é adversa que mais necessitamos de ajuda. Este é mais fácil dispensar quando tudo nos corre bem.

Em Portugal, e passada a euforia dos primeiros minutos de jogo, a tensão e as dificuldades inerentes ao mesmo emudece muitas vezes os adeptos e estes passam a actuar por reacção e não tanto por acção de apoio. Muitas vezes, é a equipa que puxa pelos adeptos e não o que seria de esperar, ou seja, os adeptos a puxar pela equipa. Quando as exibições são pobres e/ou os resultados adversos, nega-se a condição de adepto e surgem mesmo os assobios e os apupos. É a esperança perdida. É a equipa com a qual nos identificamos projectivamente esperando que vença por nós que nos defrauda. Compreende-se, mas não se aceita. Sobretudo porque prejudica a equipa que inicialmente se pretendia apoiar.

Bem sei que esta é uma generalização, quicá abusiva, do que se passa com os adeptos de futebol em Portugal. Todavia, os vários anos de presença regular nos estádios de futebol portugueses e de observação do comportamento dos adeptos portugueses criou em mim a convicção que temo muitos adeptos de festas. Esta é a denominação que atribuo a muitos que comparecem apenas nos períodos de sucesso das equipas ou mesmo somente no dia em que a vitória se concretiza, lotando então, nesses dias, os estádios. No dia da festa é fácil. Tudo está feito e é só lançar os foguetes.

No entanto, quando é preciso suportar a chuva e o frio, sofrer quando a equipa perde, percorrer largos quilómetros e gastar verbas avultadas para apoiar a equipa, estão presentes apenas o verdadeiros adeptos. E desses... não há muitos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não temos cultura de adepto... concordo em part, a execpção são os ultras.

Mas também apoiar uma selecção parcialmente brasileira, africana etc.. totalmente descaracterizada motiva alguem? enfim. Não concordo com os assobios, mas também recuso.me a apoiar uma selecção cada vez menos portuguesa.
Antes dava orgulho de apoiar e sempre o fiz, hoje recuso-me.