ENTRE CAMPOS... UM OLHAR... UM CAMINHO

domingo, 24 de janeiro de 2010

HÁ MUITOS A FALAR MUITO DAQUILO QUE SABEM MUITO POUCO

Ouvi na Rádio Renascença o programa Respública. Nele participaram o Dr. º Jorge Sampaio, anterior Presidente da República, bem como o Dr.º António Pires de Lima, ex-bastonário da Ordem dos Advogados.

Tendo a Justiça como tema central, pareceu-me que ambos fizeram uma excelente análise dos problemas desta em Portugal, apontando os seus principais problemas e propondo algumas medidas. A algumas das opiniões expressas no programa pretendo voltar mais tarde, pois as mesmas são muito pertinentes para podermos olhar para o que se vai noticiando e comentando nos jornais e televisões.

Foi precisamente a qualidade dos comentários efectuados, a competência e conhecimento demonstrados pelos dois interlocutores que me levou a reflectir sobre a diferença de conhecimento e qualidade de comentário entre o que ouvi e o que vou ouvindo.

Na verdade, por mais zapping que possamos fazer, dificilmente encontramos algo de mais substancial do que os comentários superficiais que se vão reproduzindo como clichés sempre que se comenta o mesmo tema. Como diria Foucault, são os discursos que foram ditos, continuam e continuarão a ser ditos, sem que nenhuma diferença significativa de conteúdo que denote mais conhecimento se possa vislumbrar.

Tais discursos são, como seria de esperar, enunciados quase sempre pelos mesmos comentadores que vão circulando de canal em canal ou então têm lugar cativo num mesmo canal televisivo. E por mais zapping que possamos fazer encontramos sempre, como escreveu António Gedeão, os «homens ditosos a quem Deus dispensou de procurar a verdade» a falarem sobre tudo e sobre todos, com a áurea do conhecimento profundo sobre vários temas. E lá continuam eles, inventando pequenas minudências para poderem divergir.

Não surpreende, por isso, que José Maia, na coluna de opinião intitulada Sentinela que publicada a 16 de Agosto de 2009 no Correio da Manhã, tenha referido com toda a pertinência: «fica a impressão de que sociólogos, antropólogos, psiquiatras deveriam substituir com urgência analistas políticos que dizem sempre mais do mesmo, falando cada vez menos do que cada vez mais deveria ser falado: conhecer e compreender os portugueses!»

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